domingo, 9 de agosto de 2015

Perguntas menos ordinárias de Patrick DiPeixoto ao escritor Feeh Luck #2

Não desejo fazer perguntas que comumente são feitas; mas algumas são indagações que gosto e as faço a mim mesmo; e outras com intento para que possamos entender como estamos indo com nossos novos escritores; ou mesmo aos que já tem certa experiência na arte da escrita. Sobremodo, eu almejo fazer uma pequenina introspecção no autor que deseja responder-me e para seu leitor, o admirador que promove um grande prazer ao admirado, e vice-versa. 


Com um convite de Myllena Nonato Lima, também administradora da página 
Entrevistando Autores do Wattpad convido-lhe a esta entrevista com o escritor Feeh Luck:









1-
O que te define um escritor? Qual foi a idade que você teve o peso necessário que o fez considerar, ou mesmo como pretensão, a ser um amante das letras?

O meu primeiro contato com a escrita foi através da música. Isso, há uns cinco anos atrás, depois passei para alguns textos com poucas linhas (que eu vejo hoje e digo “Nossa, que coisa horripilante!”, e somente agora, aos 22 anos, comecei a escrever meu primeiro livro. 



2-
Sabe qual a diferença entre um autor e um escritor? 

Essa seria aquela pergunta da prova em que eu chutaria, haha. De verdade, eu poderia pesquisar aqui no google e dar uma resposta super descolada, mas isso não seria eu. Esse tipo de pergunta é aquela que te faz pensar, pensar e quebrar a cabeça, quando, na verdade, é algo tão simples. Mas, quando penso em escritor, eu vejo um campo maior, pois escritor é aquele que escreve (obvio?), então ele pode escrever um poema, uma música, uma coluna no jornal e até receita de bolo, e autor eu sempre penso naquela que escreve livros, só que também tem os de novelas. Ah, eu te enrolando. Vamos para a próxima pergunta, né? 



3-
(A)-Como autores são seres que pensam muito, qual é sua maior frustração quando ocorre a possível incompreensão do leitor para com sua obra?
(B)-Sobre ainda esse "conflito", uma questão para ser respondida como um leitor e outra como escritor, há uma preocupação que você faz na tentativa de melhorar essa comunicação?

A- Incompreensão é natural em qualquer tipo de arte. Por exemplo: Quando a gente vê um quadro cheio de respingos de tintas, rabiscos e texturas, ficamos confusos, mas para aquele que pintou tinha um significado simples e visível, porque ele pintou o que sentia. Mas, para quem escreve, é preciso escrever os sentimentos, acontecimentos, de uma forma que seja plana, para que quem leia compreenda e isso não é fácil, pois muitas vezes escrevemos algo tão “só nosso”, que só nós entendemos mesmo. Aí a gente apaga, escreve, reescreve, e continua tentando.

B- Sim, claro. É muito importante, quando se é autor, você achar o modo certo de se comunicar com o leitor em um livro. Por isso, eu sempre busco a opinião de quem está lendo, aonde estou errando, o que preciso melhorar, porque são os leitores que fazem o escritor querer continuar escrevendo. Não tem nada de errado se um leitor fala '' Cara, não entendendo nada que tu escreveu'', porque isso te faz abrir os olhos e querer melhorar. 
Como leitor, eu busco me identificar com a leitura, me sentir no lugar e sentir o que o personagem sente, de me comunicar com o que está escrito. 


4-
Você se preocupa com o plágio inconsciente (Aquele que, quando é leitor de seu autor favorito, o faz sem perceber)? Cite seus três autores favoritos:

Me preocupo, porque isso já aconteceu comigo no início, mas depois fui tendo mais atenção e isso não aconteceu mais. A gente sempre começa tendo um espelho, até descobrir o próprio reflexo. 
 Jay ashar ( os 13 porques), Tom Rob Smith ( criança 44), Markus Zusak ( A menina que roubava livros). Entre outros, incluindo muitos do próprio wattpad. 



5-
Quando acaba de escrever, sempre posta em seguida ou tem o hábito de amadurecer a sua obra até que fique como deseja, e logo depois, a faz ter vida pública?

Na verdade, eu só paro para escrever quando vou postar. Eu fico dias com as ideias na cabeça, criando rascunhos, até parar e realmente escrever. Algumas pessoas acham loucura, mas eu costumo criar os diálogos na cabeça, então eu acabo falando sozinho involuntariamente. Mas, claro, eu reviso, mudo algumas coisas, arrumo, para então postar. 



6-
Encanta-te a fama póstuma? Escreve algo nesse sentido; preocupa, há um esforço particular em escrever algo que só pode ser admirado depois de décadas?

Costumo dizer que escrever é um talento, e que admiro quem usa seus talentos para passar alguma mensagem, e mudar algo em quem está lendo. Eu nunca pensei em nenhum tipo de fama. Claro, quero que meus livros sejam lidos, mas se for daqui há dez, vinte anos, eu espero. Acho que tudo tem o momento certo para acontecer. 



7-
O que te motiva a escrever? E o que lhe provoca desânimo?

Eu costumo ver as coisas ao meu redor com outros olhos, e acho incrível poder fazer com que outras pessoas também possam admira-las, só que por meio de minhas palavras. A ideia de poder transmitir sentimentos, criar um outro mundo, poder trazer sorrisos e lágrimas, tudo isso me traz motivação. 
A incerteza desanima. O não saber se o que faço é bom, e se o bom é suficiente para ser mais do que só um na multidão.  



8-
As críticas positivas são sempre bem vindas, porém, pode ser que você tenha a (in)felicidade de encontrar alguém mais sincero, (não, necessariamente, que fará críticas justas), como você se daria com isso? Responderia na mesma altura, questionaria a si mesmo e/ou defenderia o que acredita em sua obra?

Como você disse, as críticas são sempre bem-vindas. Quando você coloca algo em público, tu se arrisca a ser público também, então é importante saber lidar com as pessoas. Eu uso toda crítica para melhorar o que eu faço, então iria ler o que foi questionado e ver o que poderia estar errado. E sobre responder, jamais responderia como a pessoa, pois o que ela faz, define o que ela é, já como eu ajo, define o que eu sou. 



9-
Sabendo que autores têm poderes que formam opiniões e promovem discussões, você possui essas preocupações mente o que você deve ser passado ao publicar? Ou acredita que não há tanto valor, em um sentido contextual, de seus escritos?

Eu quero que as palavras do meu livro continuem na mente das pessoas ao menos alguns minutos após elas terminarem de ler. Eu me preocupo em passar uma mensagem, um pensamento, algo que possa mudar o dia de quem está lendo. 



9-
Você tem um pensamento político ou social? Sente falta de autores contemporâneos que utilizam seus textos para contribuir de alguma forma para sociedade? Se leu, cite ao menos duas obras como dicas de leitura! 

Existe uma frase que eu sempre digo: “Eu luto por pessoas, não causas.” Por isso, eu sempre me importo com o que está ao meu redor, com o que eu posso mudar, porque é assim que se luta pelas mudanças, buscando a própria. Acredito que a nossa literatura precisava mudar, precisava de autores novos, e eles estão criando novos textos, livros, para contribuir também com a sociedade. 
Não li nenhum que eu lembre agora para indicar. 



10-
Você tem dificuldades em escrever sobre algum tema específico? Quais os motivos? Tem algum tema que tem todo poder de seu espírito, como se houvesse a necessidade em depositar no papel aquilo que tanto sentiu? 

Tenho uma dificuldade de escrever sobre o amor. Na verdade, acho difícil descrever algo tão complicado, confuso, mas que todos procuram. Eu não acho que conseguiria escrever um romance. 
Eu gosto de escrever sobre temas mais comuns, do cotidiano, mas que não são tão falados. Eu quero que as pessoas sintam, chorem, pensem “Eu me identifico com isso.”. 



11-
Você teve alguma referência familiar, alguém, que mesmo de forma indireta, influenciou na sua vida amante da arte da escrita?

Passei grande parte da minha infância com a minha vó que era analfabeta. Ela morreu sem aprender a ler ou escrever. É por ela que escrevo. Pelas as vezes que ela pegou o papel e ele permaneceu em branco.



12-
Para tentarmos algo diferente, você responderia essas perguntas por captação e veiculação em um vídeo? 

Claro, apesar de eu ser melhor escrevendo do que falando. 



13-
Eu tenho uma frase em defesa dos livros físicos, ei-la: “Os apreciadores das artes convencem-se pelos sentidos que possuem. Portanto, um leitor, depois da visão, inconscientemente, se apega ao livro pelo olfato e, o mais defendido, o tato. Livro físico jamais será substituível para nós leitores.” Concorda comigo? Qual é seu relacionando com os livros físicos e os digitais? 

Concordo, mas os livros digitais também têm sua importância. Eu costumo ler mais livros físicos, pois gosto de ter em minhas mãos e também porque não enxergo no celular ou tablet, mas existem muitos livros digitais legalmente grátis e isso leva a leitura para pessoas que não teriam condições de ter em mãos um livro. 



14-
Diga-me quais são suas obras? Discorra um pouco sobre uma delas em que mais sente orgulho. O quanto ela biográfica?

Eu estou escrevendo um livro chamado “Palavras de rua”, e ele conta a história de um morador de rua e suas dificuldades. A história passa entre passado e presente, e mostra o que fez o personagem principal ir para as ruas. Joao é o personagem principal, e é um desafio transformar um morador de rua em alguém que tem o foco principal da história. A ideia surgiu, porque eu queria que as pessoas observassem os moradores de um modo diferente, não com pena, mas como uma pessoa comum e até agora vem sendo gratificante. É incrível poder transmitir essas emoções e fazer as pessoas encontrarem outros ”joãos” na rua e não só lembrarem do livro, mas também mudarem a forma de vê-los. 


15-
Poesia! Eu, Patrick, acredito que a poesia está presente em qualquer arte que se pretenda expressar! O que essa palavra (e um leque de significados), sobretudo na escrita, representa em sua vida literária?

Em meu livro João escreve poemas, e eu gosto dessa aventura de escreve-los. É bem difícil, por isso admiro aqueles que escrevem poemas. A vida é uma poesia. Só que sem métrica, desarrumada e com rimas sem sentidos. Essa é a poesia que levo na minha vida literal. A poesia das ruas.



16-
Quais outras artes que você desejaria se expressar?

Fotografia. O fato de poder registrar momentos, criar ensaios sobre temas diferentes, é incrível. Também me aventuro a cantar, mas nada profissional.



17-
Esse questionamento pode lhe promover um amadurecimento? Em suas reflexões, gostou dessas perguntas?

Sim, foram perguntas diferentes das comuns, e tudo que é incomum, diferente, é importante.


18–
Cite uma frase, em quantas linhas desejar, que vende o seu lado autor:

Eu escrevo na esperança de que ao menos minhas palavras possam tocar teu coração.


19-

Cite três livros e seus respectivos estilos que gosta e três que não gosta:

Os 13 porquês
A menina que roubava livros
Criança 44.

Os três livros são de estilos diferentes, pois eu não possuo um estilo específico para ler. Eu gosto é de ler.


Não existe um gênero literário que eu não goste. Eu posso não gostar de um livro, mas gostar de outro do mesmo estilo. É importante dar oportunidades.







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Um comentário:

  1. Foi incrível responder e participar dessa entrevista. Muito obrigado pela experiência.

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