quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Perguntas menos ordinárias de Patrick DiPeixoto ao escritor Jonas Martins #5

Não desejo fazer perguntas que comumente são feitas; mas algumas são indagações que gosto e as faço a mim mesmo; e outras com intento para que possamos entender como estamos indo com nossos novos escritores; ou mesmo aos que já tenham certa experiência na arte da escrita. Sobremodo, eu almejo fazer uma pequenina introspecção no autor que deseja responder-me e para seu leitor, o admirador que promove um grande prazer ao admirado, e vice-versa.



Com um convite de Myllena Nonato Lima, também administradora da página Entrevistando Autores do Wattpad, convido-lhe a mais uma entrevista, agora com o escritor  Jonas Martins. Espero que gostem...

1- 
O que te define um escritor? Qual foi a idade que você teve o peso necessário que o fez considerar, ou mesmo como pretensão, a ser um amante das letras?

Jonas Martins: Eu escrevo desde que aprendi a escrever. Inicialmente com uns 10 ou 12 anos eu já escrevia poesia, e mais tarde passei para os contos curtos e crônicas. Apesar de as vezes ter dificuldade de definir o que escrevo. Não me considero ainda um escritor, apesar de as vezes tentar me convencer disso. Espero um dia sinceramente ser um escritor, mas por enquanto, creio que sou apenas um radialistas que escreve. Seria uma injustiça com os escritores de verdade eu me apresentar como escritor.

 2- 
Sabe qual a diferença entre um autor e um escritor?

JM: É difícil encontrar uma separação lúcida para os dois, mas vejo da seguinte forma; um escritor é qualquer um que escreve, independente do gênero e do que está escrevendo. Um médico que escreve sobre as técnicas médicas é um escritor, mas não é necessariamente um autor, já que ele apenas descreve a sua visão sobre as técnicas que outros inventaram; já um autor é alguém que cria, inventa, é o artista por trás da obra. Já escrevi textos fantasmas (Textos escritos por mim e publicados com sendo de outros), quem publicou os textos se tornou escritor, mas creio, está longe de ser o autor.

3- 
(A)-Como autores são seres que pensam muito, qual é sua maior frustração quando ocorre a possível incompreensão do leitor para com sua obra?

JM: Meus textos literários eles tem uma linguagem bem simples e de fácil entendimento, dificilmente alguém entende diferente daquilo que quero escrever, já que não escrevo por ativismo, ou para mudar e melhorar o mundo, escrevo para as pessoas que querem apenas navegar na imaginação por puro deleite. Não tenho pretensão de ser mais do que alguém transmite mais do que o prazer de ler em seus textos. 

Já na minha coluna no Jornal Província por exemplo, ou em outros meias, onde assumo mais as minas posições ideológicas ai sou contemplado constantemente com uma visão distorcida do que eu quero dizer. Fico  feliz com isso. Radiante. Amo quando minhas crônicas ou críticas despertam algum sentimento, mesmo que não fosse essa a ideia inicial do texto. Quer me ver feliz discuta meus textos. Amo o debate e adoro uma boa discussão.

(B)-Sobre ainda nesse "conflito", uma questão para ser respondida como um leitor e outra como escritor, há uma preocupação que você faz na tentativa de melhorar essa comunicação?

Sou um homem do rádio, com uma vertente profissional totalmente ligada ao jornalismo, então ser claro é mais do que um objetivo é uma obrigação,  sempre busco ser de fácil compreensão a todos que vão ler meus textos. Desconsidero essa regra quando o assunto é poesia. Poesia eu vejo como a pintura de um quadro modernista. Você interpreta como quiser e eu pinto como quero, sinto e posso. Simples. Tudo que escrevo é pensando no leitor, mas quando é poesia, eu escrevo para mim e só para mim. Os outros vão ler, sentir? Talvez, mas não tem importância, a minha poesia é meu "eu interior" se comunicando com meu "eu exterior".


 4- 
Você se preocupa com o plágio inconsciente (aquele que, quando é leitor de seu autor favorito, o faz sem perceber)? Cite seus três autores favoritos:

JM: Não me preocupo com isso. Busco ser original, mas não estou livre de escrever algo parecido com o que alguém já escreveu. Como leio de tudo e não sou muito ligado a um autor em especial, dificilmente eu me pegaria escrevendo algo semelhante a igual. É difícil definir três autores favoritos, porque leio de tudo e de muita gente e nunca me apego a apenas um escritor, mas como tenho que responder eu diria que Mario Puzzo, Érico Veríssimo e David Coimbra. Estes seriam meus três autores favoritos.

 5- 
Quando acaba de escrever, sempre posta em seguida ou tem o hábito de amadurecer a sua obra até que fique como deseja, e logo depois, a faz ter vida pública?

JM: Às vezes escrevo já no editor da publicação (Quando blog ou site). Muitas vezes nem releio ou corrijo. Coloco o ponto final e clico em postar. Às vezes leio mais tarde e encontro erros grotescos nos textos e digo para mim mesmo, "Porra, você deveria ter lido essa merda antes", mas não me estresso. Atualmente tenho tido um cuidado maior com os meus textos. Escrevo, leio corrigindo ao menos três vezes e mais uma apenas lendo para sentir o que escrevi, mas após isso, publico. Quando coloco ponto final eu perco interesse naquilo. Minha cabeça fica brotando outras ideias. E ai vou em frente. Guardar textos não é a minha, vai que eu morra amanhã?

 6- 
Encanta-te a fama póstuma? Escreve algo nesse sentido; preocupa, há um esforço particular em escrever algo que só pode ser admirado depois de décadas?

JM: Qualquer escritor que se preze busca escrever algo eterno. Imagina um livro teu em que as pessoas vão ler cem anos após atua morte? Seria o máximo, mas sinceramente prefiro, se for merecedor, receber o reconhecimento em vida, ainda não sou merecedor e sei que talvez nunca seja. Se depois de minha morte as pessoas passarem a admirar o que escrevo ia ser uma irônica desgraçada. Que graça há em ser reconhecido quando não estou aqui para ver isso?

7- 
O que te motiva a escrever? E o que lhe provoca desânimo?

JM: Tudo me motiva a escrever, nada é capaz de me desanimar. Corro em busca de minha obra prima, enquanto não a encontrar, a única força capaz de me fazer parar de escrever é a morte.

 8-
As críticas positivas são sempre bem vindas, porém, pode ser que você tenha a (in)felicidade de encontrar alguém mais sincero, (não, necessariamente, que fará críticas justas), como você se daria com isso? Responderia na mesma altura, questionaria a si mesmo e/ou defenderia o que acredita em sua obra?

JM: Gosto das criticas. Positivas ou negativas, o mais importante é que as pessoas estão lendo e se importando com o que escrevo. Justas e injustas é outra história. Se aceito a critica positiva que muitas vezes é falsa, tenho que aprender aceitar quando acontece o contrário. Analiso muito de quem vem as criticas. É mais importante para mim de quem elas vêem do que o que elas dizem. Às vezes discuto um pouco, mas é mais pelo prazer de discutir do que pela importância que dou para a critica. Amo uma boa discussão. 

 9- 
Sabendo que autores têm poderes que formam opiniões e promovem discussões, você possui essas preocupações mente o que você deve ser passado ao publicar? Ou acredita que não há tanto valor, em um sentido contextual, de seus escritos?

JM: Não dou muita importância para isso. Como escrevi lá em cima, não ligo para o significado além. Se acontecer de as pessoas acharem algo por trás do que eu escrevo que lhes incite o pensamento mais aprofundado de uma questão, pois bem, é com ela. Não me interesso muito em passar um algo a mais nos meus textos. Escrevo e apenas escrevo, o restante é o com o leitor. Se eu quiser criticar uma determinada situação, pode ter certeza que o farei abertamente. Simples e claro. 

 9- 
Você tem um pensamento político ou social? Sente falta de autores contemporâneos que utilizam seus textos para contribuir de alguma forma para sociedade? Se leu, cite ao menos duas obras como dicas de leitura!

JM: Por profissão sou politicamente e socialmente muito ativo. Amo a política e amo as discussões sobre os assuntos que tem em sua filosofia o poder de mudar as coisas. Há muita gente escrevendo com a perspectiva de fazer a diferença. David Coimbra, Juremir Machado da Silva, Luiz Ruffato, todos tem uma consciência social e politica muito forte.

 10- 
Você tem dificuldades em escrever sobre algum tema específico? Quais os motivos? Tem algum tema que tem todo poder de seu espírito, como se houvesse a necessidade em depositar no papel aquilo que tanto sentiu?

JM: Falando em gênero não consigo escrever nada que envolva fantasia. Já tentei e simplesmente não sai. Sou muito realista e gosto de escrever sobre a realidade. Gosto de me inspirar em pessoas, então me vejo impossibilitado de escrever qualquer coisa nesse gênero. Também reconheço que não tenho a sensibilidade para escrever para crianças. 


11- 
Você teve alguma referência familiar, alguém, que mesmo de forma indireta, influenciou na sua vida amante da arte da escrita?

JM: Eu não diria que tive alguém que me influenciou a escrever. Mas posso relatar que Paulo Vicente de Souza (in memoriam), um poeta, (jamais publicado) e compositor pode ter sido uma referência poética para mim. Por mais que eu já escrevesse poesias quando o conheci aprendi muito com ele e sem dúvida nenhuma, ele foi alguém que  influencia muito meus versos até hoje. 

 12- 
Para tentarmos algo diferente, você responderia essas perguntas por captação e veiculação em um vídeo? 

JM: Sim. É só pedir.


13- 
Eu tenho uma frase em defesa dos livros físicos, ei-la:

“Os apreciadores das artes convencem-se pelos sentidos que possuem. Portanto, um leitor, depois da visão, inconscientemente, se apega ao livro pelo olfato e, o mais defendido, o tato. Livro físico jamais será substituível para nós leitores.”

Concorda comigo? Qual é seu relacionando com os livros físicos e os digitais? 

JM: Como leitor odeio os livros digitais. Não leio. Como escritor, entendo a sua importância para o mundo atual, mas creio que o livro físico nunca deixará de existir, pelo menos eu espero que não.

 14- 
Diga-me quais são suas obras? Discorra um pouco sobre uma delas em que mais sente orgulho. O quanto ela biográfica?

JM: O Primeiro Suspiro de um poeta insano - Reuni algumas de minhas poesias numa obra pequena. Eram 70 poesias. O único orgulho sobre ele é que ele vendeu. Não gostei muito do livro.

A Torre - A descrição dele é um romance, mas eu o vejo mais como um conto. Foi legal. Escrevi tudo em cinco noites. Foi muito rápido. Tive uma resposta boa dos leitores. Rendeu algumas palestras, o que foi bacana.


O amar e pensar do Poeta Insano - É o que mais me orgulho e o que mais vendeu. É minha obra mais profissional e madura. Tem algumas poesias nele que gosto muito. 


 15- 
Poesia! Eu, Patrick, acredito que a poesia está presente em qualquer arte que se pretenda expressar! O que essa palavra (e um leque de significados), sobretudo na escrita, representa em sua vida literária?

JM: Poesia é tudo para mim. Amo a poesia. O poeta é um louco que olha o que todo mundo está olhando, mas enxerga o que ninguém mais vê.

 16- 
Quais outras artes que você desejaria se expressar?

JM: Música, mas não tenho talento para isso. (Risos)



17- 
Esse questionamento pode lhe promover um amadurecimento? Em suas reflexões, gostou dessas perguntas?

JM: Muito boas. Sinceramente houve perguntas que fiquei refletindo por um tempo para responder e assim mesmo se lê-las amanhã provavelmente pensarei que não respondi exatamente o que queria dizer.


18- 
Cite uma frase, em quantas linhas desejar, que vende o seu lado autor:

JM: Um homem pode ser o que quiser, com tanto que seja o que precisa ser.


 19- 
Cite três livros e seus respectivos estilos que gosta e três que não gosta:

JM: Gosto de romances por isso cito O Poderoso Chefão do Mario Puzzo. É meu livro preferido.

O Tempo e o Vento de Érico Veríssimo é para mim o melhor livro de todos os tempos e Livro do Desassossego do Fernando Pessoa, uma obra prima. E se permite vou citar  todos os livros do Sir. Arthur Conan Doyle.

 Não gostei da trilogia 50 tons de cinza. Nem cheguei passar da página 100 do primeiro livro. Um dia vou lê-lo, mas por hora é o livro que menos gostei na vida, mesmo sem  lê-los.

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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Perguntas menos ordinárias de Patrick DiPeixoto a escritora Raquel Pagno #4

Não desejo fazer perguntas que comumente são feitas; mas algumas são indagações que gosto e as faço a mim mesmo; e outras com intento para que possamos entender como estamos indo com nossos novos escritores; ou mesmo aos que já tenham certa experiência na arte da escrita. Sobremodo, eu almejo fazer uma pequenina introspecção no autor que deseja responder-me e para seu leitor, o admirador que promove um grande prazer ao admirado, e vice-versa.


Com um convite de Myllena Nonato Lima, também administradora da página Entrevistando Autores do Wattpad, convido-lhe a mais entrevista, agora com a escritora  Raquel Pagno. 
Espero que gostem...



1-
O que te define um escritor? Qual foi a idade que você teve o peso necessário que o fez considerar, ou mesmo como pretensão, a ser um amante das letras?

R: Demorou um bocado pra eu passar a me denominar escritora, de fato. Hoje, depois de alguns anos exercendo a escrita “profissionalmente” eu ouso me considerar escritora. Mas relutei bastante em aceitar essa alcunha.
Meu primeiro pensamento é que um escritor de verdade é o indivíduo que ganha a vida escrevendo.  Com o passar do tempo mudei essa concepção e passei a considerar escritor, apenas aquele que escreve e foi nessa que arrisquei me enquadrar.
Desde que me conheço por gente eu fui uma amante das letras, ainda que não conseguisse interpretá-las. Quando eu tinha cerca de 12/13 anos, encontrei um livro nas coisas da minha irmã e passei a ler escondido. Era um romance platônico, chamado Tempo de Tentação – de Sue P. Prank, e eu ainda me lembro de trechos inteiros desse livro, como se eu o tivesse lido ontem. A partir dessa leitura, eu soube que queria escrever, escrever livros de verdade, muito embora já escrevesse antes livrinhos infantis onde eu narrava contos sobre cães.

2- 
Sabe qual a diferença entre um autor e um escritor?

R: Segundo as definições no dicionário:
Escritor, Autor; publicista; literato; homem de letras.
Ou seja, Escritor e Autor podem ser considerados sinônimos, sob determinado aspecto.
Há quem diga que escritor é quem tem uma carreira literária e autor quem escreve uma única obra.
Porém quem faz qualquer coisa é autor de. Não precisa ser necessariamente um livro. Executar um ato te torna autor. Portanto não gosto da concepção “autor” para designar quem trabalha com a escrita. 

3- 
(A)-Como autores são seres que pensam muito, qual é sua maior frustração quando ocorre a possível incompreensão do leitor para com sua obra?

R: É relativo. Depende com qual obra isso acontece e qual a maturidade do leitor que não compreendeu. Tendo a pensar que aquele leitor não estava pronto para aquela obra. Deixando claro que estamos nos referindo a um leitor que não entendeu o que leu, e não a um que não gostou, ou que deu uma interpretação própria, mas coerente, da obra. Não chego a ficar frustrada com isso.

(B)-Sobre ainda esse "conflito", uma questão para ser respondida como um leitor e outra como escritor, há uma preocupação que você faz na tentativa de melhorar essa comunicação?

R: Sempre. Estudo muito. Já fiz várias oficinas literárias, cursos e leio tudo o que consigo catar sobre técnicas literárias, embora nem sempre aplique ou pense que devo aplicar. E uma coisa é certa: não deixarei de escrever o que eu tenho vontade para facilitar a vida dos leitores, mesmo porque, minha escrita já é extremamente simples.
O bate-papo com outros escritores e a escrita a quatro mãos considero a melhor oficina literária que existe. E a melhor escola, sem dúvida, meus próprios erros. E, apesar disso, creio que meus livros ainda estão bem longe de ficarem ok, ou pelo menos, de chegarem ao ponto onde eu quero que cheguem.

4- 
Você se preocupa com o plágio inconsciente (Aquele que, quando é leitor de seu autor favorito, o faz sem perceber)? Cite seus três autores favoritos:

R: Essa é uma questão curiosa. Eu me preocupo em não conseguir escrever como meus autores favoritos. E não consigo, isso é impossível. Mas, sinceramente, eu queria... (risos).
Meus queridinhos são mais de três. Vou citar aqui o primeirão da minha lista, Carlos Ruiz Zafón (e quem me dera escrever um décimo do que esse cara escreve!). Depois a “tia” Anne Rice. E o Décio Gomes, dos brasileiros contemporâneos é o meu preferido.

5- 
Quando acaba de escrever, sempre posta em seguida ou tem o hábito de amadurecer a sua obra até que fique como deseja, e logo depois, a faz ter vida pública?

R: Nunca pensei em terminar e publicar de imediato. O texto precisa de repouso pra amadurecer. De tempos em tempos, precisa de uma nova leitura e revisão. É necessário no mínimo um ano pra um livro vir à luz. E pode demorar muito mais. Já com os contos o negócio é diferente, especialmente em textos que participam de concursos.

6-
 Encanta-te a fama póstuma? Escreve algo nesse sentido; preocupa, há um esforço particular em escrever algo que só pode ser admirado depois de décadas?

R: Não penso nisso. Nunca me ocorreu escrever algo para a posteridade. Eu tenho meus poucos leitores, eu sou feliz com eles. Ponto.

7- 
O que te motiva a escrever? E o que lhe provoca desânimo?

R: “Escrever é preciso; viver não é preciso” — alterei a célebre frase de Fernando Pessoa (que todo mundo sabe que não é dele, ou é apenas uma das versões), me crucifiquem! (risos)
Escrever é necessário. Eu preciso escrever com ou sem intuito de publicar. Sempre precisei escrever e acho que se eu não o fizesse, enlouqueceria.
A motivação é a própria inspiração. Qualquer coisa que possa gerar o estalo inicial para uma história.
Fico desanimada quando vejo bons autores sem oportunidade (não eu, não me incluo nessa leva, falo de autores cujos trabalhos eu admiro). E claro, quando tenho problemas pessoais penso em abandonar a literatura e tratar de fazer algo que renda algum dinheiro. Só que ainda não consegui largar o vício.  

8- 
As críticas positivas são sempre bem vindas, porém, pode ser que você tenha a (in)felicidade de encontrar alguém mais sincero, (não, necessariamente, que fará críticas justas), como você se daria com isso? Responderia na mesma altura, questionaria a si mesmo e/ou defenderia o que acredita em sua obra?

R: Recebi muitas críticas negativas, nem todas delicadas. Não me incomodo nenhum pouco. Aproveito o que pode me ajudar a melhorar e ignoro o que não pode. Não discuto com leitores, eles têm o direito de criticar, mesmo que por maldade (acontece), assim como tem o direito de xingar e de achar a leitura uma bela porcaria e expor suas opiniões.
Me incomoda quando alguém de quem eu gosto me critica. Aí o bicho pega. Não discuto, mas fico profundamente magoada, a pessoa tendo ou não razão. E, complementando a resposta da pergunta acima, isso me faz pensar seriamente em desistir.

9- 
Sabendo que autores têm poderes que formam opiniões e promovem discussões, você possui essas preocupações em mente o que você deve ser passado ao publicar? Ou acredita que não há tanto valor, em um sentido contextual, de seus escritos?

R: A idéia é justamente gerar discussões. Meus escritos não tem esse “poder”, não tem grande visibilidade para isso. Porém, eu tenho uma mania chata de alterar as mitologias, o que com toda a certeza renderia um bocado. Sei que alguns odiariam e diriam Porra! Não é assim que funciona!, mas outros talvez dissessem Uau! Que idéia original!, e quando eu decido escrever de determinada forma, estou preparada para ambas as situações.

9-
 Você tem um pensamento político ou social? Sente falta de autores contemporâneos que utilizam seus textos para contribuir de alguma forma para sociedade? Se leu, cite ao menos duas obras como dicas de leitura.

R: Lógico que tenho as minhas opiniões, mas prefiro não expô-las, especialmente, prefiro não contaminar a minha arte com esses temas. Não que eu considere irrelevante, apenas não se enquadra no que eu curto, e não escrevo nada que não me dê prazer. 
Em um ponto de vista amplo, livros contribuem com a sociedade, independente do tema abordado. Quando se lê um livro, algo se aprende, ainda que apenas a grafia correta de alguma palavra. Algumas obras trazem um conteúdo mais enriquecedor no aspecto social, claro, especialmente quando se lêem as entrelinhas.
Dentro do tema abordado na pergunta, eu sugiro a leitura de Como a Água do Rio, a biografia de Ademiro Alves, o Sacolinha. Também indico todos os livros do Laurentino Gomes, para que possamos entender melhor o presente, é preciso entender melhor o passado.

10- 
Você tem dificuldades em escrever sobre algum tema específico? Quais os motivos? Tem algum tema que tem todo poder de seu espírito, como se houvesse a necessidade em depositar no papel aquilo que tanto sentiu?

R: Eu detesto literatura erótica, logo, não escrevo bem. Mas acho que conseguiria se estudasse mais e me dedicasse ao gênero, o que eu não pretendo fazer, por enquanto. Me dou bem com drama, talvez pelo meu gosto literário. Tenho me dado bem com terror ultimamente, deve ser por excesso de pesadelos. Aí uma coisa que eu preciso jogar no papel: os sonhos. Quanto mais doidos os sonhos, maior é a necessidade de escrevê-los, ainda não rendam contos e livros, podem render boas cenas.

11-
Você teve alguma referência familiar, alguém, que mesmo de forma indireta, influenciou na sua vida amante da arte da escrita?

R: Primeiro a minha mãe que, apesar de não ser leitora, sempre me comprava muitos livros. E como eu sou a mais jovem de 5 irmãos, quando nasci já havia livros em casa. Depois minha irmã mais velha, que trazia livros da biblioteca da faculdade e os deixava em casa durante o dia, quando eu conseguia raptá-los e ler as escondidas.

12- 
Para tentarmos algo diferente, você responderia essas perguntas por captação e veiculação em um vídeo?

R: Responderia, mas sem garantias de que ficaria bom. Como oradora, sou uma ótima escritora. (risos)

13-
Eu tenho uma frase em defesa dos livros físicos, ei-la:
“Os apreciadores das artes convencem-se pelos sentidos que possuem. Portanto, um leitor, depois da visão, inconscientemente, se apega ao livro pelo olfato e, o mais defendido, o tato. Livro físico jamais será substituível para nós leitores.”
Concorda comigo? Qual é seu relacionando com os livros físicos e os digitais?

R: Eu amo livros físicos. O digital jamais dará o mesmo prazer. O livro físico é insubstituível. Cito aqui o slogan de uma das minhas editoras: “O livro está morto!... O livro nunca esteve tão vivo!”
Comecei a ler digitais há pouco tempo. A vantagem é a portabilidade, um leitor digital ou mesmo o celular é mais fácil de carregar do que um livro físico. Também pode-se levar uma biblioteca inteira dentro de um leitor digital e não correr o risco de ficar sem ter o que ler. É prático em viagens, por exemplo.

14- 
Diga-me quais são suas obras? Discorra um pouco sobre uma delas em que mais sente orgulho. O quanto ela biográfica?

R: Publiquei Rubi de Sangue (publicado no Brasil com o título Legado de Sangue), Seablue, Herdeiro da Névoa, O Voo da Fênix, 2020 – A Revelação e Senhores dos Sonhos.
Orgulho não é bem a palavra. Vou falar um pouco sobre Herdeiro da Névoa por ser o livro com maior número de leitores e por acreditar que nele consegui fazer um trabalho razoavelmente bom. 
O livro conta a história de Inácio Vaz, um jovem brasileiro que na década de 50 ganha uma bolsa de estudos e vai embora para Paris. Minha satisfação quanto à escrita desse livro, é a ambientação (minha maior dificuldade na escrita), que considero a melhor que fiz até agora. É difícil escrever sobre os lugares que conhecemos, sobretudo, os que não conhecemos. Me dediquei dois anos a pesquisas sobre a cidade e concluí que fiz um trabalho aceitável. Poderia ter feito melhor? Hoje eu vejo que sim.

15- 
Poesia! Eu, Patrick, acredito que a poesia está presente em qualquer arte que se pretenda expressar! O que essa palavra (e um leque de significados), sobretudo na escrita, representa em sua vida literária?

R: Não sou uma leitora assídua de poesia e confesso que poucos poetas conseguiram me conquistar. Mas concordo com você, em partes. Não escrevo poesia, já tentei, mas soou horrível e larguei. 
No quesito prosa, a poesia mesmo que velada está presente em algumas obras. Em O Jogo do Anjo (meu livro preferido do meu escritor preferido, Zafón), por exemplo, acho incrível a maneira como o autor se utiliza de imagens poéticas durante a narrativa.
A poesia mexe demais com sentimentos. Precisa ser assim, não pode ser superficial. Ao passo que a prosa, pode, e mexe com a curiosidade do leitor mais do que com as emoções. São pouquíssimos os poetas que conseguem mexer com os meus sentimentos. Cito aqui Augusto dos anjos “Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!”, e Cássio de Aquino “Em balbúrdias e grilhões enegrecidos,
desafiei este mundo, desafiei Marte!”.

16- 
Quais outras artes que você desejaria se expressar?

R: Gostaria de aprender música, mas já tentei inúmeras vezes e sou terrível em qualquer coisa relativa a isso. Mas ainda pretendo aprender a tocar algum instrumento. Violão, guitarra, flauta e gaita já estão descartados. Quem sabe piano, violino, violoncelo...

17- 
Esse questionamento pode lhe promover um amadurecimento? Em suas reflexões, gostou dessas perguntas?

R: Tudo o que nos faz pensar promove amadurecimento. Foram as perguntas mais originais que me fizeram, gostei bastante. 

18-
Cite uma frase, em quantas linhas desejar, que vende o seu lado autor:

R: Essa eu passo. (risos)

19- 
Cite três livros e seus respectivos estilos que gosta e três que não gosta:

R: Que gosto: Aqui a lista é longa... É muito difícil escolher apenas três. Mas vamos lá.
O Jogo do Anjo, Carlos Ruiz Zafón — (olha ele de novo aqui!) é o romance/suspense/sobrenatural mais maravilhoso que li. E vai ser difícil aparecer outro que me cause sensações parecidas.
A Hora das Bruxas, Anne Rice (e suas respectivas sequencias) — suspense/sobrenatural.
Albertine, Décio Gomes (e o segundo volume da série) — suspense/sobrenatural/terror leve. É impossível largar o livro antes do término.

Que não gosto:
50 Tons de Cinza, E. L. James — literatura (que tenta ser) erótica — pior livro que li na vida, disparado.
Drácula, Bram Stoker — era pra ser terror ou um romance sobrenatural, no entanto nem sei como o definir — precisei me esforçar muito, mas muito mesmo pra não abandonar a leitura na metade.

O Monge e o Executivo, James C. Hunter — era pra ser um livro “sobre a essência da administração”, mas é tão chato e romanceado que não dá pra considerar exatamente um romance e também não pode ser enquadrado como um livro técnico — fui obrigada a ler na faculdade e detestei.


Um pouco mais de Raquel:

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terça-feira, 29 de setembro de 2015

Perguntas menos ordinárias de Patrick DiPeixoto a escritora Nana Calimeris #3



Não desejo fazer perguntas que comumente são feitas; mas algumas são indagações que gosto e as faço a mim mesmo; e outras com intento para que possamos entender como estamos indo com nossos novos escritores; ou mesmo aos que já tem certa experiência na arte da escrita. Sobremodo, eu almejo fazer uma pequenina introspecção no autor que deseja responder-me e para seu leitor, o admirador que promove um grande prazer ao admirado, e vice-versa.


Com um convite de Myllena Nonato Lima, também administradora da página Entrevistando Autores do Wattpad, convido-lhe a mais entrevista, agora com a escritora Nana Calimeris. 
Espero que gostem...






1- 
O que te define um escritor? Qual foi a idade que você teve o peso necessário que o fez considerar, ou mesmo como pretensão, a ser um amante das letras?

*** Para mim, o que me define como escritora é me preocupar com um bom português, embora eu tenha lá os cacoetes e vícios de linguagem. É fundamental que um escritor domine a língua na qual escreve para contar uma boa história. Já vi bons plots se perderem pela falta de uma boa escrita. Estilo, descobri que tenho um modo de escrever que é bem particular, principalmente, quando baseio minhas histórias em sonhos que tive e me marcaram. 
Infância, pelos sete anos de idade. Descobri na literatura, uma forma de poder me expressar e como eu já tinha depressão, foi uma forma de tentar aliviar a dor que me consumia da sensação de solidão e desespero, dos choros contínuos. Não foi o suficiente, claro, mas, foi o que me levou a querer colocar uma palavra depois da outra. A vontade de querer ser publicada veio aos 18 anos, mais de 20 anos atrás. 

2- 
Sabe qual a diferença entre um autor e um escritor?

*** Não. E tem? 

3- 

(A)-Como autores são seres que pensam muito, qual é sua maior frustração quando ocorre a possível incompreensão do leitor para com sua obra?

(B)-Sobre ainda esse "conflito", uma questão para ser respondida como um leitor e outra como escritor, há uma preocupação que você faz na tentativa de melhorar essa comunicação?


*** Um belo palavrão e pensar no que posso melhorar.
Sim, tenho um amigo, que é o mais ferrenho crítico do que escrevo. Ele fala que minhas personagens são mulheres à espera do príncipe encantado, coisa que eu não quero. Então, tento perceber o que posso fazer para torná-las mais próxima do que imagino ou quando ele fala de alguns vícios que tenho e que posso corrigir. Em algumas histórias, claro, isso não é possível. 

4- 
Você se preocupa com o plágio inconsciente (Aquele que, quando é leitor de seu autor favorito, o faz sem perceber)? Cite seus três autores favoritos:


*** Eu tenho inúmeras referências de autores variados, que vou brincando. Então, não me preocupo com isso. Afinal, Jung já falava do inconsciente coletivo. Os deuses são infinitos e se repararmos bem, as culturas diversas espalhadas pelo mundo antes do advento da comunicação cultuavam deuses do sol, deusas da lua e assim segue. É importante que estejamos atentos ao inconsciente coletivo. Devemos apenas tomar cuidado para não usar excessivas referências (e os fãs de Harry Potter que me perdoem) como o fez J.K. Rowling. Por exemplo, a coruja de Potter é a mesma coruja usada por Neil Gaiman em Os livros da magia e há outras referências claras de plágio descarado.


5-
Quando acaba de escrever, sempre posta em seguida ou tem o hábito de amadurecer a sua obra até que fique como deseja, e logo depois, a faz ter vida pública?

*** Na verdade, só me dou ao trabalho de escrever quando a história passa em minha mente como em um filme porque eu sei para onde ir. Às vezes, parece que a personagem senta sobre meu ombro e vai contando a história até ela ter o formato. Só tem um livro que reformulei várias vezes, tendo, inclusive, terminado e começado do zero. É uma história que surgiu quando eu tinha 15 anos e acho que, agora, consegui fazer ela ter o tom desejado. 

6- 
Encanta-te a fama póstuma? Escreve algo nesse sentido; preocupa, há um esforço particular em escrever algo que só pode ser admirado depois de décadas?

*** Não e não. Escrevo porque preciso. Não escrevo para agradar aos outros. Talvez, seja um erro. Mas, eu sinto a necessidade de fazê-lo para não enlouquecer e creio que isto me manteve viva durante muitos anos e estou falando absolutamente sério sobre isso.

7-
O que te motiva a escrever? E o que lhe provoca desânimo?

*** Sobreviver me motiva a escrever, é a forma artística de expressão que mais domino. Gosto de desenhar mas não sou tão dedicada quanto gostaria. Não sei tocar nenhum instrumento e não tenho o menor dom para música, infelizmente. Sobrou-me a escrita. 

8- 
As críticas positivas são sempre bem vindas, porém, pode ser que você tenha a (in)felicidade de encontrar alguém mais sincero, (não, necessariamente, que fará críticas justas), como você se daria com isso? Responderia na mesma altura, questionaria a si mesmo e/ou defenderia o que acredita em sua obra?

*** Uma vez, um crítico disse que um livro meu parecia um manual de chuveiro. Muitas vezes, amigos acham que minhas histórias são confusas. Mas, meu cérebro é um labirinto cheio de voltas. Eu não consigo ser linear. Imagine escrever uma história linear. Estou tentando com esta obra que falei só que é difícil.

9- 
Sabendo que autores têm poderes que formam opiniões e promovem discussões, você possui essas preocupações mente o que você deve ser passado ao publicar? Ou acredita que não há tanto valor, em um sentido contextual, de seus escritos?

*** Sim, sempre deve ter este valor. Eu gosto da ideia de provocar e polemizar, principalmente, quando escrevo crônicas. Talvez, um dia, eu escreva sobre radicalismos e movimentos sociais, uma história que tenha este contexto porque as pessoas que entram em grupos parecem perder a capacidade de raciocínio. Jung já dizia isso no começo do Século XX.

10-
Você tem um pensamento político ou social? Sente falta de autores contemporâneos que utilizam seus textos para contribuir de alguma forma para sociedade? Se leu, cite ao menos duas obras como dicas de leitura!

*** Sim, tenho. Vou citar uma conversa que tive com meu filho estes dias. Falávamos sobre a questão de gênero e eu estava explicando para ele os vários nomes e definições que existem hoje em dia e ele disse: Ninguém tem asas de joaninha nascendo nas costas. Todo mundo é ser humano. Eu retruquei que se houvesse pessoas com asas de joaninha, não poderíamos ter preconceito com mutantes. Ele disse: Bem, ninguém é um monstro saindo do lago. Portanto, acredito que devemos nos unir em prol de uma humanidade melhor. Temo pelo que o feminismo esteja fazendo com as pessoas e que os movimentos sociais perderam o foco. Se a luta é pela aceitação, por que heterossexuais não podem defender os lgbt's? Não é este o propósito dos movimentos? Se as feministas lutam contra o machismo, por que elas excluem os homens? Será que a ideia é criar uma sociedade apenas de mulheres? 

Eu não li, mas, considero o livro de Nana Queiroz de uma grande importância (Presos que menstruam) e o fato dela ter criado uma revista voltada para uma mulher que se cansou de revistas de beleza que falam como fazer sexo pendurada no lustre, como agradar ao homem e dicas de beleza que só fazem com que nos sintamos feias. Neil Gaiman é outro autor fenomenal e Amanda Palmer tem um livro que ainda não li, mas, está na lista de aquisições: A arte de pedir. Em termos de romance, não tenho lido nada que me tenha chamado a atenção. 


11- 
Você tem dificuldades em escrever sobre algum tema específico? Quais os motivos? Tem algum tema que tem todo poder de seu espírito, como se houvesse a necessidade em depositar no papel aquilo que tanto sentiu?

*** Depende. Em termos de crônicas, não. O google ajuda bastante a conseguir as informações necessárias. Em histórias, sim. Minhas personagens flutuam entre o realismo fantástico e fantasia. Tenho dificuldade em escrever sobre coisas que não pertencem à minha realidade como, por exemplo, um tema muito explorado na literatura brasileira, que é a dificuldade do nordestino e do pobre. Eu defendo que todos devemos ter nossos direitos atendidos e que deveríamos ter uma sociedade mais justa. Mas, eu não consigo escrever sobre realidades distantes da minha. Mas, há coisas que são universais e é, por esta razão que nos conectamos com histórias bem escritas, elas nos falam alguma coisa.

12- 
Você teve alguma referência familiar, alguém, que mesmo de forma indireta, influenciou na sua vida amante da arte da escrita?


*** Meu pai gostava de ler quando era menino. Mas, é tudo. A literatura chegou para mim porque eu me sentia muito sozinha enquanto crescia. Eu não conseguia me socializar com facilidade.

13- 
Para tentarmos algo diferente, você responderia essas perguntas por captação e veiculação em um vídeo?

*** Sim.

14- 
Eu tenho uma frase em defesa dos livros físicos, ei-la:

“Os apreciadores das artes convencem-se pelos sentidos que possuem. Portanto, um leitor, depois da visão, inconscientemente, se apega ao livro pelo olfato e, o mais defendido, o tato. Livro físico jamais será substituível para nós leitores.”

Concorda comigo? Qual é seu relacionando com os livros físicos e os digitais?


*** Eu tenho dificuldade em ler livros digitais. Eu me esforço, mas, a tela me cansa um bocado. Eu gosto de sentir, tocar, passar as páginas. Dá preguiça de ler na tela. Cansa. Quando fecho o olho, fica aquela coisa branca na retina.  

15- 
Diga-me quais são suas obras? Discorra um pouco sobre uma delas em que há mais sente orgulho. O quanto ela biográfica?

*** Caraca! É muita coisa para falar assim. Mas, existem coisas que eu escrevi que me surpreendem muito. Escrevi um livro sobre incesto e é um livro pesado neste aspecto. Fiz a revisão dele recentemente e me pergunto onde eu estava com a cabeça para escreve algo tão intenso, forte e tão disruptivo porque conta a história de uma mãe que seduz o filho e da irmã que é apaixonada pelo irmão. O livro se chama Amar implica em não sofrer.
Tem um outro livro Luz de la Mañana que também trata do tema, mas, de uma forma mais delicada e é a busca da personagem por si mesma, pelo entendimento da vida. Na verdade, todas as minhas obras têm este ponto em comum, a busca do entendimento da vida, das dores e das angústias. Talvez, porque quando os escrevi, eu desconhecia que tinha espectro bipolar e sentia o mundo como se estivesse sem pele. Tudo era forte e intenso e eu buscava respostas para me entender, para descobrir porque não me sentia amada. Os contos têm menos disso. Gosto de usar elementos simbólicos, embora não sabia como o público os entenda.
Mistérios de mim é a busca de uma mulher durante a sua vida sobre um evento que teve uma grande importância em sua vida. 
Quem é Rose Alice foi livro que eu escrevi por conta de coisas que ouvi que me machucaram muito e saiu uma obra com ficção científica, que é um tema que muito me interessa em filmes. 

16- 
Poesia! Eu, Patrick, acredito que a poesia está presente em qualquer arte que se pretenda expressar! O que essa palavra (e um leque de significados), sobretudo na escrita, representa em sua vida literária?

*** É simbólica. Não é uma arte que eu domina nos termos clássicos. Mas, por exemplo, os orientais são mestres nesta arte seja em que arte for. Principalmente, nos animes. Há muito simbolismo nas artes orientais. O ocidental precisa de tudo preto e branco. As sutilezas se perdem. 

17- 
Quais outras artes que você desejaria se expressar?

*** Eu me expresso. Desenho! Não como gostaria mas tento. 

18-
 Esse questionamento pode lhe promover um amadurecimento? Em suas reflexões, gostou dessas perguntas?

*** Foi bem interessante respondê-lo. Sim, organizou melhor o que posso fazer com as minhas histórias. 

19-
Cite uma frase, em quantas linhas desejar, que vende o seu lado autor:

*** Pô, você gosta de me complicar, né?

Não tenho.  

20- Cite três livros e seus respectivos estilos que gosta e três que não gosta:

História sem fim, Sandman e Ainda resta uma esperança. Fantasia e, embora, Sandman não seja livro, é uma das obras mais prazerosas e geniais de leitura. 
Machado de Assis, José de Alencar e Machado de Assis. Acho que meus professores de literatura me fizeram odiar mais que qualquer coisa obras clássicas de autores nacionais. Acho que professores deveriam inspirar, mas, eu tive uma professora que ficava insistindo na conversa se Capitu havia traído Bentinho todas as malditas aulas e a porra do José de Alencar levava uma vida inteira para descrever uma penteadeira. Não dá! Acho que, talvez, esta seja minha dificuldade em escrever em detalhes as coisas nas minhas obras.



Um pouco mais de Nana:
"A tatuagem de ponto-e-vírgula de Nana: “fiz para me lembrar de quão forte eu sou. E de que eu ainda tenho muito o que viver. Minha vida começa agora. A cada novo dia”.


E um pouco mais nesses links:


Facebook de Nana Calimeris




domingo, 9 de agosto de 2015

Perguntas menos ordinárias de Patrick DiPeixoto ao escritor Feeh Luck #2

Não desejo fazer perguntas que comumente são feitas; mas algumas são indagações que gosto e as faço a mim mesmo; e outras com intento para que possamos entender como estamos indo com nossos novos escritores; ou mesmo aos que já tem certa experiência na arte da escrita. Sobremodo, eu almejo fazer uma pequenina introspecção no autor que deseja responder-me e para seu leitor, o admirador que promove um grande prazer ao admirado, e vice-versa. 


Com um convite de Myllena Nonato Lima, também administradora da página 
Entrevistando Autores do Wattpad convido-lhe a esta entrevista com o escritor Feeh Luck:









1-
O que te define um escritor? Qual foi a idade que você teve o peso necessário que o fez considerar, ou mesmo como pretensão, a ser um amante das letras?

O meu primeiro contato com a escrita foi através da música. Isso, há uns cinco anos atrás, depois passei para alguns textos com poucas linhas (que eu vejo hoje e digo “Nossa, que coisa horripilante!”, e somente agora, aos 22 anos, comecei a escrever meu primeiro livro. 



2-
Sabe qual a diferença entre um autor e um escritor? 

Essa seria aquela pergunta da prova em que eu chutaria, haha. De verdade, eu poderia pesquisar aqui no google e dar uma resposta super descolada, mas isso não seria eu. Esse tipo de pergunta é aquela que te faz pensar, pensar e quebrar a cabeça, quando, na verdade, é algo tão simples. Mas, quando penso em escritor, eu vejo um campo maior, pois escritor é aquele que escreve (obvio?), então ele pode escrever um poema, uma música, uma coluna no jornal e até receita de bolo, e autor eu sempre penso naquela que escreve livros, só que também tem os de novelas. Ah, eu te enrolando. Vamos para a próxima pergunta, né? 



3-
(A)-Como autores são seres que pensam muito, qual é sua maior frustração quando ocorre a possível incompreensão do leitor para com sua obra?
(B)-Sobre ainda esse "conflito", uma questão para ser respondida como um leitor e outra como escritor, há uma preocupação que você faz na tentativa de melhorar essa comunicação?

A- Incompreensão é natural em qualquer tipo de arte. Por exemplo: Quando a gente vê um quadro cheio de respingos de tintas, rabiscos e texturas, ficamos confusos, mas para aquele que pintou tinha um significado simples e visível, porque ele pintou o que sentia. Mas, para quem escreve, é preciso escrever os sentimentos, acontecimentos, de uma forma que seja plana, para que quem leia compreenda e isso não é fácil, pois muitas vezes escrevemos algo tão “só nosso”, que só nós entendemos mesmo. Aí a gente apaga, escreve, reescreve, e continua tentando.

B- Sim, claro. É muito importante, quando se é autor, você achar o modo certo de se comunicar com o leitor em um livro. Por isso, eu sempre busco a opinião de quem está lendo, aonde estou errando, o que preciso melhorar, porque são os leitores que fazem o escritor querer continuar escrevendo. Não tem nada de errado se um leitor fala '' Cara, não entendendo nada que tu escreveu'', porque isso te faz abrir os olhos e querer melhorar. 
Como leitor, eu busco me identificar com a leitura, me sentir no lugar e sentir o que o personagem sente, de me comunicar com o que está escrito. 


4-
Você se preocupa com o plágio inconsciente (Aquele que, quando é leitor de seu autor favorito, o faz sem perceber)? Cite seus três autores favoritos:

Me preocupo, porque isso já aconteceu comigo no início, mas depois fui tendo mais atenção e isso não aconteceu mais. A gente sempre começa tendo um espelho, até descobrir o próprio reflexo. 
 Jay ashar ( os 13 porques), Tom Rob Smith ( criança 44), Markus Zusak ( A menina que roubava livros). Entre outros, incluindo muitos do próprio wattpad. 



5-
Quando acaba de escrever, sempre posta em seguida ou tem o hábito de amadurecer a sua obra até que fique como deseja, e logo depois, a faz ter vida pública?

Na verdade, eu só paro para escrever quando vou postar. Eu fico dias com as ideias na cabeça, criando rascunhos, até parar e realmente escrever. Algumas pessoas acham loucura, mas eu costumo criar os diálogos na cabeça, então eu acabo falando sozinho involuntariamente. Mas, claro, eu reviso, mudo algumas coisas, arrumo, para então postar. 



6-
Encanta-te a fama póstuma? Escreve algo nesse sentido; preocupa, há um esforço particular em escrever algo que só pode ser admirado depois de décadas?

Costumo dizer que escrever é um talento, e que admiro quem usa seus talentos para passar alguma mensagem, e mudar algo em quem está lendo. Eu nunca pensei em nenhum tipo de fama. Claro, quero que meus livros sejam lidos, mas se for daqui há dez, vinte anos, eu espero. Acho que tudo tem o momento certo para acontecer. 



7-
O que te motiva a escrever? E o que lhe provoca desânimo?

Eu costumo ver as coisas ao meu redor com outros olhos, e acho incrível poder fazer com que outras pessoas também possam admira-las, só que por meio de minhas palavras. A ideia de poder transmitir sentimentos, criar um outro mundo, poder trazer sorrisos e lágrimas, tudo isso me traz motivação. 
A incerteza desanima. O não saber se o que faço é bom, e se o bom é suficiente para ser mais do que só um na multidão.  



8-
As críticas positivas são sempre bem vindas, porém, pode ser que você tenha a (in)felicidade de encontrar alguém mais sincero, (não, necessariamente, que fará críticas justas), como você se daria com isso? Responderia na mesma altura, questionaria a si mesmo e/ou defenderia o que acredita em sua obra?

Como você disse, as críticas são sempre bem-vindas. Quando você coloca algo em público, tu se arrisca a ser público também, então é importante saber lidar com as pessoas. Eu uso toda crítica para melhorar o que eu faço, então iria ler o que foi questionado e ver o que poderia estar errado. E sobre responder, jamais responderia como a pessoa, pois o que ela faz, define o que ela é, já como eu ajo, define o que eu sou. 



9-
Sabendo que autores têm poderes que formam opiniões e promovem discussões, você possui essas preocupações mente o que você deve ser passado ao publicar? Ou acredita que não há tanto valor, em um sentido contextual, de seus escritos?

Eu quero que as palavras do meu livro continuem na mente das pessoas ao menos alguns minutos após elas terminarem de ler. Eu me preocupo em passar uma mensagem, um pensamento, algo que possa mudar o dia de quem está lendo. 



9-
Você tem um pensamento político ou social? Sente falta de autores contemporâneos que utilizam seus textos para contribuir de alguma forma para sociedade? Se leu, cite ao menos duas obras como dicas de leitura! 

Existe uma frase que eu sempre digo: “Eu luto por pessoas, não causas.” Por isso, eu sempre me importo com o que está ao meu redor, com o que eu posso mudar, porque é assim que se luta pelas mudanças, buscando a própria. Acredito que a nossa literatura precisava mudar, precisava de autores novos, e eles estão criando novos textos, livros, para contribuir também com a sociedade. 
Não li nenhum que eu lembre agora para indicar. 



10-
Você tem dificuldades em escrever sobre algum tema específico? Quais os motivos? Tem algum tema que tem todo poder de seu espírito, como se houvesse a necessidade em depositar no papel aquilo que tanto sentiu? 

Tenho uma dificuldade de escrever sobre o amor. Na verdade, acho difícil descrever algo tão complicado, confuso, mas que todos procuram. Eu não acho que conseguiria escrever um romance. 
Eu gosto de escrever sobre temas mais comuns, do cotidiano, mas que não são tão falados. Eu quero que as pessoas sintam, chorem, pensem “Eu me identifico com isso.”. 



11-
Você teve alguma referência familiar, alguém, que mesmo de forma indireta, influenciou na sua vida amante da arte da escrita?

Passei grande parte da minha infância com a minha vó que era analfabeta. Ela morreu sem aprender a ler ou escrever. É por ela que escrevo. Pelas as vezes que ela pegou o papel e ele permaneceu em branco.



12-
Para tentarmos algo diferente, você responderia essas perguntas por captação e veiculação em um vídeo? 

Claro, apesar de eu ser melhor escrevendo do que falando. 



13-
Eu tenho uma frase em defesa dos livros físicos, ei-la: “Os apreciadores das artes convencem-se pelos sentidos que possuem. Portanto, um leitor, depois da visão, inconscientemente, se apega ao livro pelo olfato e, o mais defendido, o tato. Livro físico jamais será substituível para nós leitores.” Concorda comigo? Qual é seu relacionando com os livros físicos e os digitais? 

Concordo, mas os livros digitais também têm sua importância. Eu costumo ler mais livros físicos, pois gosto de ter em minhas mãos e também porque não enxergo no celular ou tablet, mas existem muitos livros digitais legalmente grátis e isso leva a leitura para pessoas que não teriam condições de ter em mãos um livro. 



14-
Diga-me quais são suas obras? Discorra um pouco sobre uma delas em que mais sente orgulho. O quanto ela biográfica?

Eu estou escrevendo um livro chamado “Palavras de rua”, e ele conta a história de um morador de rua e suas dificuldades. A história passa entre passado e presente, e mostra o que fez o personagem principal ir para as ruas. Joao é o personagem principal, e é um desafio transformar um morador de rua em alguém que tem o foco principal da história. A ideia surgiu, porque eu queria que as pessoas observassem os moradores de um modo diferente, não com pena, mas como uma pessoa comum e até agora vem sendo gratificante. É incrível poder transmitir essas emoções e fazer as pessoas encontrarem outros ”joãos” na rua e não só lembrarem do livro, mas também mudarem a forma de vê-los. 


15-
Poesia! Eu, Patrick, acredito que a poesia está presente em qualquer arte que se pretenda expressar! O que essa palavra (e um leque de significados), sobretudo na escrita, representa em sua vida literária?

Em meu livro João escreve poemas, e eu gosto dessa aventura de escreve-los. É bem difícil, por isso admiro aqueles que escrevem poemas. A vida é uma poesia. Só que sem métrica, desarrumada e com rimas sem sentidos. Essa é a poesia que levo na minha vida literal. A poesia das ruas.



16-
Quais outras artes que você desejaria se expressar?

Fotografia. O fato de poder registrar momentos, criar ensaios sobre temas diferentes, é incrível. Também me aventuro a cantar, mas nada profissional.



17-
Esse questionamento pode lhe promover um amadurecimento? Em suas reflexões, gostou dessas perguntas?

Sim, foram perguntas diferentes das comuns, e tudo que é incomum, diferente, é importante.


18–
Cite uma frase, em quantas linhas desejar, que vende o seu lado autor:

Eu escrevo na esperança de que ao menos minhas palavras possam tocar teu coração.


19-

Cite três livros e seus respectivos estilos que gosta e três que não gosta:

Os 13 porquês
A menina que roubava livros
Criança 44.

Os três livros são de estilos diferentes, pois eu não possuo um estilo específico para ler. Eu gosto é de ler.


Não existe um gênero literário que eu não goste. Eu posso não gostar de um livro, mas gostar de outro do mesmo estilo. É importante dar oportunidades.







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