quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Perguntas menos ordinárias de Patrick DiPeixoto ao escritor Jonas Martins #5

Não desejo fazer perguntas que comumente são feitas; mas algumas são indagações que gosto e as faço a mim mesmo; e outras com intento para que possamos entender como estamos indo com nossos novos escritores; ou mesmo aos que já tenham certa experiência na arte da escrita. Sobremodo, eu almejo fazer uma pequenina introspecção no autor que deseja responder-me e para seu leitor, o admirador que promove um grande prazer ao admirado, e vice-versa.



Com um convite de Myllena Nonato Lima, também administradora da página Entrevistando Autores do Wattpad, convido-lhe a mais uma entrevista, agora com o escritor  Jonas Martins. Espero que gostem...

1- 
O que te define um escritor? Qual foi a idade que você teve o peso necessário que o fez considerar, ou mesmo como pretensão, a ser um amante das letras?

Jonas Martins: Eu escrevo desde que aprendi a escrever. Inicialmente com uns 10 ou 12 anos eu já escrevia poesia, e mais tarde passei para os contos curtos e crônicas. Apesar de as vezes ter dificuldade de definir o que escrevo. Não me considero ainda um escritor, apesar de as vezes tentar me convencer disso. Espero um dia sinceramente ser um escritor, mas por enquanto, creio que sou apenas um radialistas que escreve. Seria uma injustiça com os escritores de verdade eu me apresentar como escritor.

 2- 
Sabe qual a diferença entre um autor e um escritor?

JM: É difícil encontrar uma separação lúcida para os dois, mas vejo da seguinte forma; um escritor é qualquer um que escreve, independente do gênero e do que está escrevendo. Um médico que escreve sobre as técnicas médicas é um escritor, mas não é necessariamente um autor, já que ele apenas descreve a sua visão sobre as técnicas que outros inventaram; já um autor é alguém que cria, inventa, é o artista por trás da obra. Já escrevi textos fantasmas (Textos escritos por mim e publicados com sendo de outros), quem publicou os textos se tornou escritor, mas creio, está longe de ser o autor.

3- 
(A)-Como autores são seres que pensam muito, qual é sua maior frustração quando ocorre a possível incompreensão do leitor para com sua obra?

JM: Meus textos literários eles tem uma linguagem bem simples e de fácil entendimento, dificilmente alguém entende diferente daquilo que quero escrever, já que não escrevo por ativismo, ou para mudar e melhorar o mundo, escrevo para as pessoas que querem apenas navegar na imaginação por puro deleite. Não tenho pretensão de ser mais do que alguém transmite mais do que o prazer de ler em seus textos. 

Já na minha coluna no Jornal Província por exemplo, ou em outros meias, onde assumo mais as minas posições ideológicas ai sou contemplado constantemente com uma visão distorcida do que eu quero dizer. Fico  feliz com isso. Radiante. Amo quando minhas crônicas ou críticas despertam algum sentimento, mesmo que não fosse essa a ideia inicial do texto. Quer me ver feliz discuta meus textos. Amo o debate e adoro uma boa discussão.

(B)-Sobre ainda nesse "conflito", uma questão para ser respondida como um leitor e outra como escritor, há uma preocupação que você faz na tentativa de melhorar essa comunicação?

Sou um homem do rádio, com uma vertente profissional totalmente ligada ao jornalismo, então ser claro é mais do que um objetivo é uma obrigação,  sempre busco ser de fácil compreensão a todos que vão ler meus textos. Desconsidero essa regra quando o assunto é poesia. Poesia eu vejo como a pintura de um quadro modernista. Você interpreta como quiser e eu pinto como quero, sinto e posso. Simples. Tudo que escrevo é pensando no leitor, mas quando é poesia, eu escrevo para mim e só para mim. Os outros vão ler, sentir? Talvez, mas não tem importância, a minha poesia é meu "eu interior" se comunicando com meu "eu exterior".


 4- 
Você se preocupa com o plágio inconsciente (aquele que, quando é leitor de seu autor favorito, o faz sem perceber)? Cite seus três autores favoritos:

JM: Não me preocupo com isso. Busco ser original, mas não estou livre de escrever algo parecido com o que alguém já escreveu. Como leio de tudo e não sou muito ligado a um autor em especial, dificilmente eu me pegaria escrevendo algo semelhante a igual. É difícil definir três autores favoritos, porque leio de tudo e de muita gente e nunca me apego a apenas um escritor, mas como tenho que responder eu diria que Mario Puzzo, Érico Veríssimo e David Coimbra. Estes seriam meus três autores favoritos.

 5- 
Quando acaba de escrever, sempre posta em seguida ou tem o hábito de amadurecer a sua obra até que fique como deseja, e logo depois, a faz ter vida pública?

JM: Às vezes escrevo já no editor da publicação (Quando blog ou site). Muitas vezes nem releio ou corrijo. Coloco o ponto final e clico em postar. Às vezes leio mais tarde e encontro erros grotescos nos textos e digo para mim mesmo, "Porra, você deveria ter lido essa merda antes", mas não me estresso. Atualmente tenho tido um cuidado maior com os meus textos. Escrevo, leio corrigindo ao menos três vezes e mais uma apenas lendo para sentir o que escrevi, mas após isso, publico. Quando coloco ponto final eu perco interesse naquilo. Minha cabeça fica brotando outras ideias. E ai vou em frente. Guardar textos não é a minha, vai que eu morra amanhã?

 6- 
Encanta-te a fama póstuma? Escreve algo nesse sentido; preocupa, há um esforço particular em escrever algo que só pode ser admirado depois de décadas?

JM: Qualquer escritor que se preze busca escrever algo eterno. Imagina um livro teu em que as pessoas vão ler cem anos após atua morte? Seria o máximo, mas sinceramente prefiro, se for merecedor, receber o reconhecimento em vida, ainda não sou merecedor e sei que talvez nunca seja. Se depois de minha morte as pessoas passarem a admirar o que escrevo ia ser uma irônica desgraçada. Que graça há em ser reconhecido quando não estou aqui para ver isso?

7- 
O que te motiva a escrever? E o que lhe provoca desânimo?

JM: Tudo me motiva a escrever, nada é capaz de me desanimar. Corro em busca de minha obra prima, enquanto não a encontrar, a única força capaz de me fazer parar de escrever é a morte.

 8-
As críticas positivas são sempre bem vindas, porém, pode ser que você tenha a (in)felicidade de encontrar alguém mais sincero, (não, necessariamente, que fará críticas justas), como você se daria com isso? Responderia na mesma altura, questionaria a si mesmo e/ou defenderia o que acredita em sua obra?

JM: Gosto das criticas. Positivas ou negativas, o mais importante é que as pessoas estão lendo e se importando com o que escrevo. Justas e injustas é outra história. Se aceito a critica positiva que muitas vezes é falsa, tenho que aprender aceitar quando acontece o contrário. Analiso muito de quem vem as criticas. É mais importante para mim de quem elas vêem do que o que elas dizem. Às vezes discuto um pouco, mas é mais pelo prazer de discutir do que pela importância que dou para a critica. Amo uma boa discussão. 

 9- 
Sabendo que autores têm poderes que formam opiniões e promovem discussões, você possui essas preocupações mente o que você deve ser passado ao publicar? Ou acredita que não há tanto valor, em um sentido contextual, de seus escritos?

JM: Não dou muita importância para isso. Como escrevi lá em cima, não ligo para o significado além. Se acontecer de as pessoas acharem algo por trás do que eu escrevo que lhes incite o pensamento mais aprofundado de uma questão, pois bem, é com ela. Não me interesso muito em passar um algo a mais nos meus textos. Escrevo e apenas escrevo, o restante é o com o leitor. Se eu quiser criticar uma determinada situação, pode ter certeza que o farei abertamente. Simples e claro. 

 9- 
Você tem um pensamento político ou social? Sente falta de autores contemporâneos que utilizam seus textos para contribuir de alguma forma para sociedade? Se leu, cite ao menos duas obras como dicas de leitura!

JM: Por profissão sou politicamente e socialmente muito ativo. Amo a política e amo as discussões sobre os assuntos que tem em sua filosofia o poder de mudar as coisas. Há muita gente escrevendo com a perspectiva de fazer a diferença. David Coimbra, Juremir Machado da Silva, Luiz Ruffato, todos tem uma consciência social e politica muito forte.

 10- 
Você tem dificuldades em escrever sobre algum tema específico? Quais os motivos? Tem algum tema que tem todo poder de seu espírito, como se houvesse a necessidade em depositar no papel aquilo que tanto sentiu?

JM: Falando em gênero não consigo escrever nada que envolva fantasia. Já tentei e simplesmente não sai. Sou muito realista e gosto de escrever sobre a realidade. Gosto de me inspirar em pessoas, então me vejo impossibilitado de escrever qualquer coisa nesse gênero. Também reconheço que não tenho a sensibilidade para escrever para crianças. 


11- 
Você teve alguma referência familiar, alguém, que mesmo de forma indireta, influenciou na sua vida amante da arte da escrita?

JM: Eu não diria que tive alguém que me influenciou a escrever. Mas posso relatar que Paulo Vicente de Souza (in memoriam), um poeta, (jamais publicado) e compositor pode ter sido uma referência poética para mim. Por mais que eu já escrevesse poesias quando o conheci aprendi muito com ele e sem dúvida nenhuma, ele foi alguém que  influencia muito meus versos até hoje. 

 12- 
Para tentarmos algo diferente, você responderia essas perguntas por captação e veiculação em um vídeo? 

JM: Sim. É só pedir.


13- 
Eu tenho uma frase em defesa dos livros físicos, ei-la:

“Os apreciadores das artes convencem-se pelos sentidos que possuem. Portanto, um leitor, depois da visão, inconscientemente, se apega ao livro pelo olfato e, o mais defendido, o tato. Livro físico jamais será substituível para nós leitores.”

Concorda comigo? Qual é seu relacionando com os livros físicos e os digitais? 

JM: Como leitor odeio os livros digitais. Não leio. Como escritor, entendo a sua importância para o mundo atual, mas creio que o livro físico nunca deixará de existir, pelo menos eu espero que não.

 14- 
Diga-me quais são suas obras? Discorra um pouco sobre uma delas em que mais sente orgulho. O quanto ela biográfica?

JM: O Primeiro Suspiro de um poeta insano - Reuni algumas de minhas poesias numa obra pequena. Eram 70 poesias. O único orgulho sobre ele é que ele vendeu. Não gostei muito do livro.

A Torre - A descrição dele é um romance, mas eu o vejo mais como um conto. Foi legal. Escrevi tudo em cinco noites. Foi muito rápido. Tive uma resposta boa dos leitores. Rendeu algumas palestras, o que foi bacana.


O amar e pensar do Poeta Insano - É o que mais me orgulho e o que mais vendeu. É minha obra mais profissional e madura. Tem algumas poesias nele que gosto muito. 


 15- 
Poesia! Eu, Patrick, acredito que a poesia está presente em qualquer arte que se pretenda expressar! O que essa palavra (e um leque de significados), sobretudo na escrita, representa em sua vida literária?

JM: Poesia é tudo para mim. Amo a poesia. O poeta é um louco que olha o que todo mundo está olhando, mas enxerga o que ninguém mais vê.

 16- 
Quais outras artes que você desejaria se expressar?

JM: Música, mas não tenho talento para isso. (Risos)



17- 
Esse questionamento pode lhe promover um amadurecimento? Em suas reflexões, gostou dessas perguntas?

JM: Muito boas. Sinceramente houve perguntas que fiquei refletindo por um tempo para responder e assim mesmo se lê-las amanhã provavelmente pensarei que não respondi exatamente o que queria dizer.


18- 
Cite uma frase, em quantas linhas desejar, que vende o seu lado autor:

JM: Um homem pode ser o que quiser, com tanto que seja o que precisa ser.


 19- 
Cite três livros e seus respectivos estilos que gosta e três que não gosta:

JM: Gosto de romances por isso cito O Poderoso Chefão do Mario Puzzo. É meu livro preferido.

O Tempo e o Vento de Érico Veríssimo é para mim o melhor livro de todos os tempos e Livro do Desassossego do Fernando Pessoa, uma obra prima. E se permite vou citar  todos os livros do Sir. Arthur Conan Doyle.

 Não gostei da trilogia 50 tons de cinza. Nem cheguei passar da página 100 do primeiro livro. Um dia vou lê-lo, mas por hora é o livro que menos gostei na vida, mesmo sem  lê-los.

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